Inspiração

“Todo poeta nasce das dores que não pode conter”

A história de como comecei a escrever.

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Eu tinha 14 anos e era uma garota tímida e com poucos amigos no colégio (Bemmmm cliché), me sentia incompreendida e parecia que meus colegas não tinham os mesmos interesses que eu. Eu já gostava muito de ler desde que aprendera a juntar as silabas para formar palavras, mas escrever só virou uma paixão naquele ano.

Eu tinha começado a oitava série e conheci uma professora muito especial de língua portuguesa que mudou minha vida sem saber, durante as aulas dela, ela me notou coisa que nenhum outro professor fez, ela percebeu que eu passava metade das aulas absorta em algum livro e lia sem parar, e começou a trocar ideias, me incentivando e indicando diversos autores, principalmente nacionais, entre eles lembro de dois que marcaram subjetivamente a minha vida, Vinícius de Moraes e Stanislaw Ponte Preta, ler os poemas de Vinícius e as crônicas de Stanislaw me deram uma visão mais ampla de mundo, do amor e do humor, eu fiquei encantada, as aulas de redação eram as minhas favoritas, onde eu podia expressar o que tinha aprendido lendo esses autores e como eu me sentia sem precisar falar.

Logo me vi querendo participar de concursos literários, houve um de poemas na cidade que eu vivo, eu me dediquei, sentei-me uma noite com meu pai e escrevemos um soneto, eu escrevia e ele me corrigia e ajudava nas rimas, ficou lindo, eu me apaixonei pelo meu primeiro poema, fiz as 3 vias para participar do concurso, mas por fim nunca as enviei, desisti e guardei aquele poema, escrevi mais diversos depois dele, e todos ficaram sempre guardados.

Eu me tornei uma desistente de quase tudo que eu começava, a timidez me levava tão para dentro de mim que eu tinha medo de falhar, então para não correr o risco de falhar eu desistia (Confeso que ainda hoje tenho um pouco dessas manias, mas em menor escala).

Poema que escrevi com meu pai:

Soneto da Alma

Ao seu amor não lastimarei,

Se bem que das coisas incompreendidas,

Sei que com elas eu irei,

Não me sentirei ofendida.

Nas profundezas do mar,

Irei afogar,

Toda mágoa perdida,

E as deixarei sentida.

E quando a leve brisa, meus cabelos tocar,

Breve por aqui irei estar,

Reluzente como uma gota do mar.

Constantemente eu sorrirei,

E assim logo acharei,

Minha alma perdida.

Anos mais tarde comecei a namorar um rapaz que não gostava do meu “hobbie”, era ciumento e na cabeça dele todos os poemas que eu havia escrito até então tinham sido para os amores que eu tive, e de fato foi, para amores não correspondidos que eu tive,  para os amores platônicos da minha vida, pois aquele rapaz foi meu primeiro namorado, acabei casando-me com ele e a poesia acabou entrando em total esquecimento, mas isso era o que ele pensava. Eu dormia e acordava pensando em escrever, mas não conseguia colocar nada no papel, não me sentia mais inspirada como antes.

Quando eu estava com 22 anos, um dia na casa de minha mãe encontrei um caderninho velho de anotações no meio das coisas de minha irmã caçula, era um caderninho com os meus primeiros poemas, eu os li e alguns reescrevi, e na mesma semana eu fiquei sabendo que haveria um encontro de poetas na cidade, fui munida de meus poemas reescritos e pela primeira vez declamei um de meus poemas para outras pessoas, coisa que eu nunca tinha feito na vida, esses encontros se repetiram uma vez por mês por mais dois anos e ao fim desses dois anos eu tinha poemas suficientes para escrever um livro, e foi ai que o sonho de se tornar poetisa foi tomando forma.

Eu passava meus dias escrevendo, e reescrevendo, e pela primeira vez na vida levei um projeto até o fim, eu não desisti.